Consuelo Novais Sampaio
Por ignorar que a educação vem antes do progresso, a
Bahia sofre um processo de empobrecimento econômico, social, político, cultural.
No afã de segurar o poder, o PT perde votos de antigos aliados, aceleradamente.
Relega a segundo plano suas obrigações básicas: saúde, educação, segurança,
setores em situação precária, aumentando o medo que perpassa a população.
Recente encontro de empresários concluiu que o Brasil é um país caro. O seu
parque industrial está se encolhendo. Importamos produtos manufaturados,
principalmente da China, hoje o nosso principal fornecedor, também o maior
vendedor de máquinas e equipamentos para a indústria nacional. Ultrapassou os
USA! Somos dela dependentes.
Tradicionalmente,
porém, a China prioriza a educação. Até o ano 2000, 90% da população (1.2
bilhão hab., hoje 1.339 bi ) era alfabetizada. Este índice caiu nos últimos
cinco anos, mas o governo já anunciou investimento de US$ 13 milhões em
campanhas de alfabetização. Note-se que a alfabetização básica na China implica
ler e escrever 1.500 caracteres, escola tempo integral, professores nível universitário!
No Brasil, são
apenas 26 caracteres! Até a concessão do voto ao analfabeto, o aluno deveria assinar
o nome, para ser considerado alfabetizado. Hoje, anulado esse “entrave”, os
políticos jogam soltos: para que investir em educação, se não mais dá votos? Resultado,
alunos saem da escola sem saber ler e escrever. São os analfabetos funcionais,
que não conseguem colocação no mercado do trabalho (20,3%). Não é de admirar,
porque além de mal pagos, das precárias condições de trabalho, grande parte dos
professores não tem licenciatura; entram na sala de aula após nove meses de
treinamento, e bolsa de baixo valor! E anunciam que o nosso índice de
analfabetismo caiu! A quem desejam enganar? Sem educador incentivado não há
aluno motivado. Perde o país.
Não foi por coincidência, mas por decisão política que
a educação na China cresceu a partir de 1979, quando o governo pôs em prática
os resultados da pesquisa pioneira de Theodore W. Shultz, vencedor do Premio
Nobel de Economia naquele ano. O estudo desse notável economista está centrado
nos problemas dos países em
desenvolvimento, com ênfase na educação, como dínamo propulsor do progresso.
Em
constrangedor atraso, inclusive em relação aos irmãos sul-americanos, o Brasil
decidiu estabelecer piso nacional para os professores da rede pública, cuja
referência é o índice do Fundeb, atualmente fixado em 22,22%. Sempre na
contra-mão, a Bahia resiste, apesar do acordo firmado (11 nov. 2011),
transformado na Lei 12.364/2011, de cumprimento daquele reajuste no salário dos
professores do ensino médio e fundamental.
Este acordo com o Estado deveria entrar em vigor em
janeiro de 2012. Os professores esperaram; fizeram greve em março, para lembrar
o governo do compromisso assumido. Voltaram às aulas, sem que o governo se
pronunciasse. Daí a atual greve, desde o último dia 11.
Quando saberemos como é fatiado o orçamento da Bahia?
Teremos de aguardar até 16 de maio (Lei Nº 12.527)? Enquanto o governo propõe
pagar 3% em novembro deste, e 4% em abril de 2013, a Coelba aumentou nossas
contas em 6,15% desde o dia 22 deste, e a Embasa, com novo aumento de 12,89% a partir de 1º de maio. Enlutou o Dia do
Trabalhador.
Sem ter condições financeiras de sequer preparar-se
para ir às aulas, a motivação dos professores cai, acompanhada pela vertiginosa
queda no aprendizado dos alunos, comprometendo o ensino, vital para a
existência de uma sociedade digna de si mesma.
Espera-se que pais de alunos, profissionais liberais e
do ensino, em particular, lutem a luta dos professores estaduais da Bahia, ao
invés de lamentar estarem os seus filhos sem aula. Até que toda a sociedade reconheça
ser a educação prioridade para o seu desenvolvimento, nenhum passo será dado nesse sentido. É preciso desviar o olhar
do interesse pessoal, para que se veja o todo, pelo menos o nacional. E que não
se esqueça que tudo é política. Até o ar que respiramos é político, disse a
poeta. Como passará à história o atual governo? Lembre-se, História é Escolha.
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