Em edição
anterior, o economista Armando Avena chamou a atenção para o fato de, por ser
previsível, a seca não mais dever ser tratada como flagelo. A seca não é
tsunami, disse ele. Chega de carro pipa, digo eu. Além de providências
lenitivas que estão sendo tomadas, que o governo se mire no exemplo de Israel,
onde desertos, não semi-áridos, tornaram-se vales frutíferos. Hoje (6.5.12),
Hélio Pólvora, em excelente artigo, faz a relação entre Seca, Política e
Sanfona, citando o exemplo luminoso da Austrália. Conclui confiando que o TCE não permita o desvio de
verbas públicas para o forró junino.
Afinal, os
melhores forrós que já dancei, não apenas na Bahia, mas também na Paraíba,
Ceará e Pernambuco, foi sempre ao som de sanfoneiros, sob galpões enfeitados,
licores deliciosos e tudo o mais a que tem direito o sertanejo para alegrar os
seus dias. Tudo promovido no local, nada de investir os suados reais que saem
dos impostos que pagamos.
Em contraste, na
mesma edição (4.5.12) na qual Simanca manifestou a sua inteligência invulgar, o
Sr. Secretário de Cultura da Bahia ocupou quase metade da p.2 para,mal disfarçadamente, num discurso difícil de acreditar, saudar a
cultura sertaneja por sua sabedoria em “conviver com um clima muitas vezes
hostil, numa “relação vital e criativa para o mundo”. Citando luminares da
literatura, como Euclides da Cunha, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Glauber
Rocha, Elomar e outros, o sr. Secretário pareceu-me desejar que a seca se
prolongue para que a produção intelectual do mundo se enriqueça com a seca “um
dos temas recorrentes” do sertanejo. Conclui “celebrar a cultura do sertão num
contexto de brutal seca, não significa alienação (...) mas sim “homenagear a
força e a sabedoria com que enfrentam a adversidade”. Puxa vida, que consolo!
Se o governo não está alienado será que pensa que nós e os sertanejos estamos?
Um pouco de bom senso não faz mal a ninguém. Ainda é tempo.
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